terça-feira, 29 de janeiro de 2013

RISCO E INSEGURANÇA


RISCOS E INSEGURANÇA PARA A AVIAÇÃO CIVIL BRASILEIRA

Titulo original: Projeto que será votado na Câmara dos Deputados ainda nesta semana pode trazer riscos e insegurança à aviação civil brasileira
Se aprovada, PL 6716/2009 aumentará a jornada de trabalho dos tripulantes. Fadiga gerada pela carga horária excessiva e escalas mal formuladas que serão permitidas pelo projeto ampliam os riscos de acidentes
PORTAL NACIONAL DE SEGUROS via NOTIMP: 27 de novembro de 2012
Roberto Nunes Filho
O espaço aéreo brasileiro poderá ficar menos seguro caso um Projeto de Lei que está na pauta de votação da Câmara dos Deputados seja aprovado nesta semana. Dentre as mudanças, o PL 6716/2009, que altera o Código Brasileiro de Aeronáutica, pretende ampliar a jornada de trabalho de pilotos e comissários de bordo.
De acordo com a Associação Brasileira de Pilotos da Aviação Civil Condutores de Avião (Abrapac), essa medida tende a trazer riscos à segurança dos voos, visto que a longa carga horária reflete diretamente no bem-estar e na capacidade de reação dos pilotos. Segundo o presidente da entidade, o comandante Carlos Seixas, o projeto em questão visa ampliar as atuais 11 horas de trabalho para 13 horas. “No entanto, há algumas brechas e interpretações que permitiram uma diária de até 19 horas. Se incluirmos nesse período o tempo que a tripulação leva para chegar aos aeroportos, temos aí uma maratona bastante exaustiva”, observa Seixas.
Para o presidente da Abrapac, esta medida destoa da política adotada por muitos países desenvolvidos que, ao contrário, estão reduzindo a carga horária do setor e, consequentemente, obtendo ganhos financeiros. “A fadiga da tripulação amplia os custos operacionais e traz mais transtornos às companhias aéreas. Gerenciá-la, portanto, é uma forma de obter economia e segurança”, afirma Seixas.
“Os pilotos têm em suas mãos centenas de vidas e um equipamento de mais de US$ 50 milhões. Por isso, atenção e concentração são imprescindíveis para a prevenção de falhas e para que nenhum procedimento deixe de ser realizado. Vale lembrar que nos dois últimos grandes acidentes aéreos que tivemos, envolvendo aviões da Gol e da Tam, foram observados sinais de fadiga através do bocejo nas gravações de voz da cabine de comando”, completa o presidente da Abrapac.
Segundo o especialista em gerenciamento de riscos e fadiga da entidade, Paulo Licati, a carga horária excessiva prejudica o estado de alerta e os reflexos dos pilotos. “Há pesquisas que comprovam que uma jornada acima de 11 horas amplia em 400% o risco de acidentes”, pontua Licati. “Outros estudos científicos revelaram que a privação de sono tem efeito semelhante ao consumo de álcool. O setor aéreo nacional cresce anualmente e os números mostram que o brasileiro está viajando mais de avião. Por isso mesmo a segurança de voo deve ser cada vez mais priorizada”, ressalta o especialista.
Licati oberva ainda que, nos Estados Unidos, as novas regras para gerenciar o risco de fadiga das tripulações já estão valendo. Como é de praxe, as empresas aéreas de lá reagiram alegando custos elevados para a implantação do programa, porém, o FAA (Federal Aviation Administration) rebateu com estudos sobre acidentes que ocorreram nos últimos 20 anos e que tiveram a fadiga como provável causa e também projetou a probabilidade de incidentes para os próximos 10 anos. 
“O resultado demonstrou que, se ocorrer um único acidente com aproximadamente 60 pessoas a bordo, os custos diretos e indiretos cobrem os investimentos de todas as empresas aéreas americanas. Após a apresentação destes dados, pouco se ouve falar em custos entre as empresas aéreas americanas”, finaliza o especialista.

Mobilização do setor
Paralelamente à votação da PL 6716/2009, também será realizada nesta terça-feira (27) uma Audiência Pública no Senado Federal entre representantes da Secretaria de Aviação Civil, Procuradoria Geral do Trabalho e entidades representativas do setor brasileiro de aviação. O objetivo é debater as ameaças de paralisação no setor aéreo neste final de ano, motivadas por inúmeros descontentamentos entre as categorias do setor.

Deixe um Comentário

Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial

0 comentários:

Postar um comentário

Copyright © Jornal Aéreo | Suporte: Mais Template