POLÍTICA DE DEFESA PODE CRIAR UMA ‘SUPER EMBRAER’
Será difícil o Brasil ter uma política de Defesa que permita a fabricação e exportação de produtos. No período militar, quando o Brasil iniciou presença no mercado externo, ONGs internacionais acusavam o país de belicismo.
MONITOR DIGITAL – RJ Via NOTIMP: 18 de outubro de 2012
A indústria local foi extinta e os maiores exportadores de armas são os líderes mundiais: Estados Unidos, China, Rússia, França e Inglaterra. Agora, a presidente Dilma tenta implantar um modelo saudável, mas há temor de que ocorra concentração em favor da Embraer. Quando a Embraer antecipou ao público a divulgação do resultado da licitação conduzida pelo Exército para a contratação do Projeto Piloto do Sistema de Fronteiras (Sisfron), as reações na área de Defesa foram consideráveis. O editor do site DefesaNet, Nelson During, afirmou haver excessiva boa vontade com a Embraer Defesa e Segurança.
Por seus méritos, a Embraer detém a construção de aeronaves militares, o que é sua vocação como empresa bem sucedida, embora ainda muito dependente de fornecedores estrangeiros, como a israelense Elbit, através da empresa local AEL, que executa os trabalhos de aviônica e sistemas. Desse modo, nada mais natural que, independentemente do fabricante escolhido, seja ela a beneficiária da produção nacional do futuro avião de caça de FAB. Mais recentemente foram anunciadas parcerias com a Boeing aplicáveis aos aviões Super-Tucano e ao futuro avião de transporte KC 390.
O Porto de Setúbal em Portugal foi palco de uma operação inusitada em 06 de outubro de 12, a movimentação de uma autoclave de 150 toneladas, descarregada e com destino à fábrica da Embraer, em Évora. Proveniente de Gijón, a autoclave tem um comprimento de 27 metros, 6,4 metros de diâmetro e um peso de 150 toneladas e faz parte dos planos da empresa de montar partes do KC 390 na Europa.
Já no caso do Sisfron, há mais críticas do que elogios, pois, dona de Savis, Harpia, Orbisat e Atech S/A, a Embraer ganhou a primeira licitação, não se levando em conta que foi sua associada Atech que realizou o projeto básico, o que é vedado pela lei das concorreências. Sem licitação, a Embraer foi escolhida para ser a majoritária (51%) da empresa Visiona Tecnologia Espacial, com a estatal Telebrás detendo 49% das ações. A esta empresa será entregue o programa espacial nacional de satélites geoestacionários.
Ainda via Atech S/A, a Embraer estará envolvida com o sistema embarcado nos helicópteros EC 725 (montados pela Helibrás) em consórcio com a estrangeira Cassidian. Esta foi mais uma contratação que gerou comentários, pois a Helibrás é da Eurocopter, que pertence à européia EADS, dona da Airbus e da Cassidian, ou seja, concorrente da Embraer. Ouvido pela coluna, disse um especialista da área: "Como explicar este tipo de negócio, uma vez que a experiência em sistemas de aeronaves estaria com a Fundação Atech, ou com a AEL/Elbit e não com a Atech S/A?"
Montagem de jatos de uso civil em São José dos Campos – São Paulo, Brasil.
Super Embraer
Através da Atech S/A, a Embraer está sendo contratada para desenvolver o Sistema de Instrumentação e Controle do futuro reator nuclear para a propulsão do submarino. A contratação do Labgene (Laboratório de Geração Núcleo-elétrica) já foi publicada no Diário Oficial.
Ela tem origem em processo que se estende por cerca de dois anos quando a Fundação Atech, por ser instituição sem fins lucrativos, sem donos e, portanto, não podendo ser vendida, foi vista pela Marinha como um bom caminho para ser depositária de tecnologia tão sensível. Surpreendentemente, aparece a Atech S/A, empresa criada pelos diretores da fundação, como sendo a contratada para este trabalho.
Já através da Harpia, a Embraer está promovendo a "nacionalização" do Vant modelo Heron 450, da israelense Elbit, adquirido pela FAB. Há a previsão de aquisição de mais unidades. E mais: a Embraer, através da Atech S/A, detém o controle das manutenções, evoluções e expansões do milionário Sistema de Controle do Tráfego Aéreo e de Defesa Aérea sobre todo o território nacional.
EMB-145-AEWC um produto de alta tecnologia militar da Embraer e vários parceiros.
Isto aconteceu porque todos os contratos deste sistema, que estavam em execução pela Fundação Atech, organização que foi a efetiva integradora do Sivam e desenvolvedora destes Sistemas da FAB, foram, da noite para o dia, transferidos da Fundação para a Atech S/A que, logo após criada, foi vendida para a Embraer.
Fala-se que a empresa privada Atech S/A irá receber mais contratos remanescentes da Fundação Atech com a Marinha: o contrato para apoio ao gerenciamento do desenvolvimento do míssil anti-navio e o contrato com a francesa DCNS para a absorção de tecnologia do sistema embarcado nos submarinos Scorpene.
Diz um analista: "O que podem esperar as demais empresas deste setor, algumas de excepcional capacidade tecnológica, mas ainda pequenas? Serem apenas subfornecedoras, sempre sobre o jugo de uma só monopolista? Bem, ainda restam os navios de superfície. Os navios de patrulha, as futuras fragatas, os futuros porta-aviões planejados pela Marinha. Será que também vão ser contratados, direta ou indiretamente, através da Embraer?".
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